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A ETERNIDADE COMEÇOU NUM 29 DE ABRIL

Atualizado: 3 de mai.





Uma homenagem aos 104 anos do nascimento do Monsenhor Eurivaldo Caldas Tavares

 

 

 

Há dias em que o céu parece se inclinar à terra, como quem assiste ao nascimento de uma história que não caberá num só tempo.

Em 29 de abril de 1921, numa casa modesta da velha João Pessoa, nasceu um menino chamado Eurivaldo — nome forte, como se carregasse desde o berço o peso de gerações e a esperança de muitas outras.

Era sexta-feira. Era o dia de Santa Catarina de Sena. Era o começo de uma vida que seria, ela mesma, um evangelho escrito com os pés no chão e o olhar nas estrelas.

Filho de Eurípedes e Maria das Dores, neto de justiça e fé, Eurivaldo cresceu entre livros, preces e lições silenciosas que a vida ensinava mais do que as palavras. Desde cedo, trazia nos olhos uma luz rara: a dos que entendem que existir é mais do que passar — é permanecer.

E permaneceu.

Ordenado sacerdote aos 22 anos, tornou-se padre sem jamais esquecer o menino sonhador que morava dentro de si. Entre latim e francês, entre missa e sala de aula, foi moldando almas como quem molda barro: com paciência, com ternura, com fé.

Não se contentou em abençoar altares. Preferiu caminhar entre as gentes: nas cidades, nos quarteis, nos hospitais, nas escolas. Levou a paz às ruas e a esperança aos quartéis, sem nunca trocar a batina pela vaidade.

Na Polícia Militar da Paraíba, seu nome virou refúgio. Como capelão, não apenas abençoou batalhões — humanizou fardas. Mostrou que disciplina e fé podem caminhar lado a lado, como irmãos de mesma casa. Foi voz, foi ombro, foi silêncio necessário. Foi farol.

E não parou aí.

Historiador da própria história, desenterrou documentos, revirou arquivos, corrigiu datas e devolveu à Polícia o orgulho de suas raízes. Em cada página que escreveu, não escreveu para si. Escreveu para o tempo. Escreveu para nós.

Na Academia de Letras dos Militares Estaduais da Paraíba, a sua presença é tão viva quanto nos bancos de igreja ou nos pátios de batalhão. Patrono da Cadeira 01, é ele quem inspira — mesmo sem dizer palavra — cada acadêmico a seguir o caminho das letras com a mesma fé com que ele seguiu o caminho do altar.

Para sua família, foi a raiz que sustentou. Para a Igreja, o servo fiel. Para os fiéis, o pastor incansável. Para os estudantes, o mestre. Para a cultura, o guardião. Para a história, a mão que escreveu com amor o que o tempo poderia ter esquecido.

Padre Vavá, como o chamavam com carinho os mais próximos, jamais buscou os holofotes. Preferiu a luz discreta dos que sabem: quem ilumina verdadeiramente não precisa brilhar — basta acender.

Hoje, ao celebrarmos seus 104 anos de nascimento, entendemos: Eurivaldo Caldas Tavares não passou por nós.

Ele ficou.

Ficou nas bibliotecas que fundou, nos livros que escreveu, nas bandas de música que ajudou a criar, nas galerias que sonhou, nas memórias que acalentou.

Ficou em cada soldado que aprende a servir com honra.

Ficou em cada estudante que aprende a pensar com liberdade.

Ficou em cada coração que aprende a crer com coragem.

A eternidade, para alguns, não começa na morte.

Para homens como ele, a eternidade começa no nascimento.

E desde aquele 29 de abril, o mundo nunca mais foi o mesmo.

 
 
 

1 comentario


Como parente próximo do Mons. Eurivaldo, fico extremamente comovido e agradecido ao digno presidente da ALMEPB pelo registro da data com significativa homenagem. Cicero Caldas, Presidente do IPGH-Inst Paraibano de Genealogia e Heráldica

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