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Camilo de Holanda: a memória que pede cuidado

Porque há nomes que o tempo não pode esquecer — e há gestos que continuam salvando vidas, mesmo em silêncio.


 

Walber Rufino

João Pessoa, 09.06.2025

 

 

“Algumas chamas não se apagam. Apenas se recolhem à brasa do tempo, esperando que alguém lhes devolva o sopro da lembrança.”

 

Foi num dia comum de junho — 9 de junho de 1917 — que um gesto discreto se fez eterno. No coração da então Parahyba do Norte, dentro das paredes silenciosas do Palácio do Governo, Francisco Camilo de Holanda, presidente do Estado e coronel médico-cirurgião do Exército Brasileiro, assinava o Decreto nº 844.


Poucas palavras, muitos significados. A partir daquele ato, nascia uma seção de bombeiros. Trinta homens. Uma missão que ainda não sabia que um dia seria chamada de heroica. Um início que se fez promessa: a de proteger, prevenir e salvar. A de não virar o rosto diante do perigo, mas enfrentá-lo — com técnica, coragem e humanidade.


O tempo passou, como sempre passa. Vieram os incêndios, os salvamentos, os gritos socorridos no limite da vida. Vieram as novas gerações, os quartéis, as especializações, a modernização. Vieram os aplausos, os méritos, as honras justas aos que continuam dizendo “presente” diante do chamado.


Mas, no silêncio que também vem com o tempo, o nome de Camilo de Holanda foi sendo abandonado. Como se a origem pudesse ser desimportante. Como se a semente que germina não merecesse o mesmo carinho que a árvore frondosa que ela se tornou.


Hoje, o Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba está presente em 16 cidades, espalhadas pelas quatro mesorregiões do Estado, e é composto por 29 unidades e subunidades: um Comando Geral, quatro Comandos Regionais, nove Batalhões, nove Companhias Independentes, duas Companhias subordinadas a Batalhões, duas Seções Contra Incêndio em aeroportos, além de um Pelotão. Uma rede capilarizada de proteção, pronta para agir onde o povo precisa, como um organismo vivo de cuidado e resposta.


E é por isso que hoje, ao celebrarmos os 108 anos do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, a Academia de Letras dos Militares Estaduais da Paraíba (ALMEP) — guardiã da memória, das palavras e dos gestos que fundam o que somos — vem com delicadeza e firmeza lembrar o que não pode ser esquecido.


Presidente Camilo de Holanda foi o início. Foi ele quem, com consciência e visão, estabeleceu por decreto o direito de existir de uma corporação inteira. Foi ele quem criou, de fato e de direito, o embrião do que viria a se tornar um dos pilares da segurança e da esperança do povo paraibano.


Por isso, a ALMEP propõe: que a cada 9 de junho, esse gesto inaugural seja honrado. Que o nome do Coronel-Médico EB e Presidente da Paraíba (1916-1920), Francisco Camilo de Holanda seja lembrado como Patrono de Honra da Fundação do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba. Que ele esteja onde sempre pertenceu: no coração da história que ajudou a criar.


Porque a gratidão também é uma forma de justiça.

E a memória, quando bem cuidada, salva —

salva instituições do esquecimento,

salva gerações do desamparo,

salva a verdade do silêncio.

 

Parabéns à minha casa, que há 40 anos me acolheu com honra e propósito.

 

 
 
 

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