Elísio Sobreira: o homem que marchou com a história
- ALMEP Paraíba'
- 20 de ago.
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Uma homenagem aos 147 anos de seu nascimento
“Comandar é servir à frente; viver é não temer a marcha. Elísio Sobreira fez das duas coisas a sua sina”.
Wolgrand Lordão1
Walber Rufino2

No Brejo alto, onde o vento traz o cheiro de terra molhada e as manhãs têm gosto de roça, nasceu, em 20 de agosto de 1878, um filho de Esperança que viria a vestir a farda como quem veste o próprio destino. Chamava-se Elísio Augusto de Araújo Sobreira, e desde cedo aprendeu que o comando não se improvisa: constrói-se, como se constrói uma cerca firme, estaca por estaca, arame por arame.
Antes do clarim, veio a música. Maestro em Campina Grande e Alagoa Grande, soube alinhar homens como alinhava compassos, fazer silêncio virar harmonia e harmonia se transformar em marcha. Mas a batuta era apenas a primeira arma. O sertão chamava, e o chamado vinha com o som seco das ordens e o peso das obrigações.
Em 1907, entrou para a Polícia Militar da Paraíba. Primeiro Alferes, depois Tenente, Capitão. No Cariri, enfrentou Miguel Santa Cruz. No sertão, desafiou o cangaço. Nas estradas poeirentas e nas madrugadas frias, Elísio Sobreira aprendeu a mandar não pelo grito, mas pelo exemplo.
À frente da Força Policial, reorganizou quartéis, levou tropa ao interior, travou peleja com a Coluna Prestes. Em Piancó, sentiu o cheiro acre da pólvora e a amargura da tragédia. Em Princesa, sustentou a autonomia do Estado contra a mão pesada da intervenção. Em 1930, marchou com Juarez Távora e com as tropas federais, quando o Brasil trocou de governo à força e com pressa.
Foi prefeito, foi assistente militar, foi comandante. Tornou-se o primeiro Coronel da corporação, título erguido não nos salões, mas na caatinga, no casario miúdo das vilas, na praça de armas. Conheceu as glórias e as agruras do mando, e quando morreu, em 13 de maio de 1942, deixou 35 anos de serviço espalhados como marcos de estrada — cada um dizendo que ali passou um homem que não se rendeu.
Em 1957, o governador Flávio Ribeiro Coutinho apenas deu nome ao que já era lei nos corações da tropa: Elísio Sobreira, Patrono da Polícia Militar da Paraíba. Em 1993, o dia de seu nascimento virou dia de solenidade, e sua medalha, a mais alta da corporação, passou a ser entregue a quem se mede pela régua da coragem e da honra.
Hoje, nos 147 anos de seu nascimento, a Academia de Letras dos Militares Estaduais da Paraíba não escreve apenas uma homenagem. Ergue um retrato vivo de um homem que foi maestro e soldado, que soube conduzir sinfonias e batalhas, que entendeu que comando e esperança — como a cidade onde nasceu — são coisas que não se deixam morrer.
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1 Wolgrand Pinto Lordão Júnior. Coronel Vet. PMPB. Bacharel em Direito e Ciências Contábeis. Acadêmico fundador da ALMEP, Cadeira nº 02, patroneada por Elísio Sobreira. Atual vice-presidente da ALMEP.
2 Walber Rufino. Coronel Vet. CBMPB. Acadêmico fundador da ALMEP, Cadeira nº 01. Presidente da ALMEP.



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