Entre o fogo, a cidade e o espadim: a travessia do Marechal Souza Aguiar
- ALMEP Paraíba'
- 2 de jun.
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Militar por origem, arquiteto por vocação, gestor por missão.Souza Aguiar projetou quartéis, hospitais e ideias que sobreviveram à sua própria época.Não foi apenas um marechal. Foi um traçador de destinos.
“A grandeza de um marechal não se mede pela espada que empunha,mas pelas vidas que ajuda a proteger e pelas cidades que deixa de pé.”
Inspirado no lema dos Corpos de Bombeiros:“Vidas alheias e riquezas salvar.”

Não foi com armas, mas com plantas.
Não com gritos, mas com o silêncio de um traço firme.
Francisco Marcelino de Souza Aguiar ergueu sua história com régua, compasso… e senso de dever.
Baiano de Salvador, filho de um major do Exército e de uma mãe vienense, perdeu o pai aos treze.Foi ali que tudo começou.
A mãe — valente como tantas que sustentam o invisível — o colocou nos colégios da capital.Aos quatorze, cadete.Aos dezoito, engenheiro.
Dali em diante, cada promoção foi conquista. Mas também foi entrega.
Demarcou fronteiras. Construiu quartéis em Bagé e São Gabriel. Comandou a Escola de Tiro.Por onde passou, deixou obra — e legado.
Mas suas obras não eram apenas de pedra e cal: eram projetos de país.
No Rio de Janeiro, desenhou quartéis de Infantaria e Cavalaria.Atendeu ao chamado de Floriano Peixoto e projetou o Hospital Central do Exército.
Foi a Chicago, representou o Brasil numa exposição internacional —e voltou não apenas com medalhas, mas com ideias.
Foi diretor-geral dos Telégrafos.Comandante da Escola Militar do Sul.E em 1897, assumiu o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal —uma corporação nascida em 1856, pela mão de D. Pedro II, mas que ainda buscava forma e voz.
Ele deu as duas.
Projetou o Quartel Central. Construiu. Concluiu.E deixou ali um marco: de civismo, de profissionalismo, de cuidado com a vida.
Em 1904, brilhou em Saint Louis.O pavilhão brasileiro que idealizou encantou jurados e visitantes.Moderno. Elegante. Altivo.
E como se não bastasse, venceu o Grande Prêmio de Arquitetura com o projeto do Palácio Monroe —símbolo de um Brasil que começava a erguer sua própria identidade.
Nos Estados Unidos, estudou cédulas, pólvora sem fumaça e…projetou, por que não?, a nova Biblioteca Nacional.
Souza Aguiar via longe.
Em 1906, Afonso Pena lhe confiou a prefeitura do Rio de Janeiro.
A cidade estava endividada, obras paradas, salários em atraso.
Ele entrou. Arrumou. Reconstruiu.
Conseguiu empréstimos, retomou canteiros, construiu escolas.
Criou o Externato Profissional Souza Aguiar.Ampliou o acesso escolar.Ergueu postos de saúde — um deles se tornaria o maior hospital de emergência da América Latina.
Mas não parou por aí.
Regulamentou o transporte de explosivos.Proibiu o corte de árvores.Construiu incineradores de lixo.Levou a cidade rumo ao sul: Copacabana, Ipanema, Leme, Leblon.
A Avenida Atlântica nasceu com ele.
Criou vilas operárias.Entregou o Mercado Municipal.Reformou o Palácio Guanabara.Pavimentou quase 150 mil metros quadrados de ruas.
Concluiu o Museu Nacional de Belas Artes, o Theatro Municipal, o Pavilhão Mourisco da Fiocruz.Tudo isso antes da Exposição Nacional de 1908.

Ele fazia parecer simples o que era imenso.
Com a morte de Afonso Pena, deixou a prefeitura.Voltou ao Exército.Em 1911, reformou-se como marechal.
Faleceu em 1935, sem pompas militares — a pedido da família.Mas com o respeito silencioso da cidade.
Seu nome vive, desde então, no Hospital Souza Aguiar. No Espadim Marechal Souza Aguiar, que cada cadete do Corpo de Bombeiros carrega com orgulho.
Porque há espadas que não ferem.
Há espadas que erguem. Souza Aguiar foi uma delas.
A Academia de Letras dos Militares Estaduais da Paraíba — ALMEP, neste 2 de junho, reverencia a memória do Marechal Francisco Marcelino de Souza Aguiar, por ocasião dos 140 anos de seu nascimento. Sua vida, entre traços, missões e ideias, segue inspirando gerações que enxergam na farda um chamado de serviço, e na arquitetura da pátria, um projeto coletivo. À sua memória, nosso reconhecimento e respeito. Marechal Souza Aguiar, presente!
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