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O homem, a lança e o Brasil inteiro Uma homenagem aos 217 anos do nascimento do Marechal Osório




Havia algo nos olhos de Manoel Luís Osório que nem o tempo, nem a guerra foram capazes de apagar. Um brilho antigo, forjado entre campos e coxilhas do sul, quando menino pobre — filho de gente simples, neto de patriarcas da terra — aprendeu cedo a lidar com a dureza da vida e o peso da palavra honra.

Não estudou em grandes escolas. Sua infância foi rústica, moldada pelos ventos frios da querência e pelo silêncio respeitoso da campanha gaúcha. E, no entanto, ali estava ele, aos quinze anos incompletos, montado num cavalo pequeno, espada curta e sonhos largos, a enfrentar a poeira e os canhões da Guerra da Independência. O Brasil era jovem, e Osório também. Ambos aprenderiam juntos, a ferro e fogo, o preço de manter de pé uma pátria.

Desde Sarandi, quando escapou da morte e salvou seu comandante com coragem e astúcia, até a epopeia da Tríplice Aliança, sua história é uma linha reta de fidelidade. Osório não era apenas um soldado: era a própria imagem da resiliência. Um homem que entendia que farda não abafava o cidadão — e que o verdadeiro poder não estava no grito ou na medalha, mas na coerência entre palavra e ação.

Em Tuiuti, cavalgou à frente de seus homens como se a dor lhe fosse proibida. Em Avaí, com o rosto dilacerado por um disparo traiçoeiro, cobriu a ferida com o poncho e, sangrando, gritou: “Coragem, camaradas!”. E sua caleça vazia, arrastada à frente das tropas, tornou-se símbolo daquilo que nenhum inimigo conseguia derrubar: a esperança.

Foi chamado Marquês, Visconde, Barão. Mas, para os homens simples do Rio Grande e para o Exército inteiro, sempre foi apenas Osório — o maior guasca de sua geração, o patrono da Cavalaria, o general que sabia que comandar era mais do que dar ordens: era ser exemplo vivo do dever.


Osório morreu em paz, depois de uma vida inteira dedicada ao Império, à paz e à justiça. Seus restos mortais viajaram por terras, mares e memórias até repousarem onde tudo começou — num chão que leva seu nome e onde o vento ainda conta sua história.

E hoje, quando olhamos para as estátuas que o eternizam ou para os campos de batalha que ele ajudou a escrever, não celebramos apenas um herói. Celebramos a essência de um Brasil que nunca fugiu da luta e que, como Osório, ainda busca ser maior do que suas cicatrizes.Porque algumas vidas — assim como certas lanças — não descansam: permanecem apontadas para a eternidade.


Homenagem da Diretoria Executiva da Aademia de Letras dos Militares Estaduais da Paraíba a todos os militares da Cavalaria — do Exército Brasileiro e das Polícias Militares — que, ontem, formaram o lastro de bravura e, hoje e amanhã, continuam a defender nosso país e nosso povo, honrando a memória de Osório e seu legado eterno.



Rótulo de cigarro. General Manuel Luís Osório. A coleção Brito Alves. Autoria Desconhecida.
Rótulo de cigarro. General Manuel Luís Osório. A coleção Brito Alves. Autoria Desconhecida.


Brasão do Marechal Osório
Brasão do Marechal Osório

Cópia de 1870, por Luís Aleixo Boulanger. Acervo da Biblioteca do Arquivo Nacional.



 
 
 

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