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Rondon, o Marechal da paz e da ponte invisível



“A verdadeira grandeza está em servir.”

 — Marechal Cândido Rondon



Há homens que abrem estradas, e há aqueles que abrem caminhos para sempre. Cândido Mariano da  Silva R ondon nasceu  para as duas coisas — e, se não bastasse, ainda esticou fios invisíveis entre terras, povos e corações. Em 5 de maio de 1865, o Brasil ganhava não só um menino de raízes indígenas profundas, mas um sonho de país inteiro — costurado pela coragem, pela ciência e pela paz.


Órfão desde pequeno, criado com amor simples e valores firmes, Rondon aprendeu cedo que o mundo era feito de desafios — e que só atravessando a floresta da vida se chega ao outro lado. Cada prova enfrentada — da solidão até os estudos exaustivos em Cuiabá e na Praia Vermelha — foi aplainando o caminho para o que viria: uma missão que ele abraçou com humildade, mas que teria a grandiosidade de um épico.


Sua trajetória não coube em títulos nem fardas. Era militar, sim, mas maior do que isso: era cientista, naturalista, diplomata, educador, memorialista. Com a calma dos que têm a verdade na alma, Rondon desafiou o improvável: conectou um Brasil que muitos nem sabiam que existia. Enfrentou selvas, rios, doenças, a incompreensão e até mesmo a fome — tudo para fincar postes e estender os cabos telegráficos que seriam a espinha dorsal da nossa comunicação. Mais do que isso, estendeu a mão ao diferente, ao invisível aos olhos da sociedade — os



povos indígenas, com quem sempre dialogou não por armas, mas por respeito.


Seu lema — “Morrer se preciso for; matar, nunca” — era mais que uma frase bonita: era regra de vida. Onde outros viam ameaça, ele via cultura. Aonde outros impunham medo, ele trazia esperança. Foi assim que, sem nunca empunhar armas contra os irmãos da floresta, pacificou tribos, abriu fronteiras e mostrou ao Brasil que ser grande é, antes de tudo, ser justo.


Inúmeras foram às vezes em que lhe ofereceram cargos e honrarias. Recusou quando achou que sua consciência não cabia ali. Aceitou quando viu que podia ajudar mais. Foi indicado três vezes ao Nobel da Paz, e se o prêmio não veio, a história tratou de fazer justiça: Rondon é — e sempre será — nosso herói nacional, patrono das Comunicações e símbolo maior do Brasil profundo.


Rondon morreu como viveu: em paz, lúcido, com a serenidade dos que sabem que fizeram o que podiam — e mais um pouco. Sua última palavra, já aos 92 anos, foi simples e direta: “Viva a República!” Poucos, tão poucos, poderiam dizê-la com tanta autoridade moral.


Hoje, 160 anos depois de seu nascimento, não celebramos apenas a memória de um homem. Celebramos o espírito de união que ele plantou, as cidades que nasceram de seus caminhos, as escolas que educam crianças graças aos seus sonhos, os povos que continuam sua luta. Celebramos cada fio invisível que ainda nos conecta a ele — porque Rondon, mais do que carne e osso, é ideia. E ideias, todos sabemos, nunca morrem.


Que a história continue a sussurrar seu nome por entre os cabos, os ventos e os rios do Brasil profundo.



Dedicatória

Homenagem da Diretoria Executiva da Academia de Letras dos Militares Estaduais da Paraíba a todos os militares federais e estaduais que, desde o tempo de Rondon até os dias atuais, se dedicam a fazer e levar a comunicação a todos os recantos do país, garantindo não apenas a conexão entre territórios, mas a união de um povo inteiro.


João Pessoa, 5 de maio de 2025

Walber Rufino

 
 
 

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